RICARDO BARUQUE, O VENDEDOR DE SONHOS
A excelência na divulgação, no desenvolvimento e no crescimento da prática do futebol de mesa em todo o Brasil tem nome e sobrenome: Ricardo Baruque. Abnegado, o empresário, de 58 anos, é dono da Botão FC, loja localizada no Shopping Boulevard, em Vila Isabel, e faz do amor ao seu ofício a razão principal não só para manter seu empreendimento, mas para ver o esporte crescer e aparecer. Tamanha dedicação é motivo de alegria para os seus mais de 700 clientes, que podem contar com todo o apoio e estrutura oferecidos por um ‘vendedor de sonhos’.
“Essa alcunha foi criada por um de meus clientes e acho que veio bem a calhar. Procuro sempre deixar à vontade quem procura a Botão FC e priorizo, obviamente, a satisfação de todos. O prazer de fazer um time por encomenda e vendê-lo está na felicidade de cada comprador. É muito mais do que um simples negócio”, frisa Baruque, que atende a botonistas em todo o Brasil e, também, no exterior, em países como Portugal, Israel, Estados Unidos, Alemanha, Canadá e Argentina. “Felizmente tenho uma clientela fiel, que, mesmo nestes tempos de crise econômica, não abre mão do padrão de qualidade da Botão FC”, celebra.
O sucesso de sua marca, segundo Baruque, tem uma razão principal: a transparência na hora de fechar negócio. “Procuro não só bem atender, mas orientar o cliente em relação ao que ele deseja quando pensa em fazer um time ou seleção. Minha dica principal é: só compre uma equipe com a qual você se identifique, que faça bem aos seus olhos. Independentemente de valores, o principal é haver empatia com o botão, no seu formato, no seu desenho, na sua beleza, na sua jogabilidade. Se isso não acontecer, dificilmente o cliente irá jogar bem com aquela equipe”, frisa o empresário, que está há 15 anos no mercado, após ter deixado a gerência de uma grande empresa de telecomunicações.
Tricolor de coração (não à toa as cores da Botão FC são o verde, o grená e o branco), Baruque brinca ao falar de uma agradável coincidência em relação aos times mais vendidos. Embora a torcida do Flamengo seja maioria no país (inclusive entre os praticantes do futebol de mesa), ele garante que o Fluminense é o mais procurado pela clientela. “As pessoas desconfiam disso, mas o Fluminense é o time mais vendido, pela sua combinação de cores, que chama atenção nas mesas de botão. Muitos flamenguistas não compram o time do Flamengo, o vermelho e preto é pouco visado. Tanto que raramente vendo times rubro-negros, como Milan e Athletico-PR”, assegura, acrescentando:
“As pessoas, geralmente, gostam de cores mais vivas nos botões. O Barcelona (azul e grená), sai muito aqui na loja. O PSG (azul, vermelho e branco) também. Seleções como Holanda (laranja e preto), Portugal (grená e verde), Alemanha (preto, amarelo e vermelho) e Argentina (azul e branco) estão sempre em alta na preferência de quem joga botão, seja entre as crianças ou os adultos”, revela Baruque, que negocia equipes das mais variadas formas e estilos – 50% das vendas são de agremiações com botões pequenos (40 mm), a R$ 165,00. As equipes de PIN (60 mm de diâmetro) correspondem a 20% dos negócios e saem a R$ 1.100,00, já com goleiro de chumbo, enquanto os outros 30% ficam com formações de gravação a laser (45 mm), a um preço de R$ 360,00.
HOMEM DE FÉ
Empresário experiente, Baruque, assim como todo brasileiro, nestes tempos de pandemia, teve que criar artifícios para driblar – fora das mesas de botão – a crise econômica que assola o Brasil. Principalmente em um seguimento tido como supérfluo no mercado. A saída foi a criação de rifas de equipes com o padrão de qualidade Botão FC, sorteadas nas redes sociais, e que se tornaram outro grande sucesso – são três rifas por semana, com 30 números a R$ 25,00 cada. “As rifas tem dado excelente retorno neste período pandêmico, me permitindo fazer receita e interagir com as pessoas. Já fizemos 51 edições e a adesão, felizmente, tem sido grande”, comemora.
Baruque cita como exemplo de sucesso de vendas as rifas dos times do Madureira (amarelo, azul e vermelho) e da Roma (amarelo e vermelho). “A beleza das equipes atrai os clientes. Anunciei os 30 números da rifa do Madureira, no whatsapp, e ela foi fechada em apenas 22 minutos. A rifa da Roma foi fechada em meia hora”, cita Baruque, que não pensa em abandonar este projeto após a pandemia. “Mesmo com as pessoas saindo mais de casa, futuramente, acredito que o interesse pelas rifas irá continuar”, avalia Baruque, um profissional sério, competente e que agradece a Deus todo o sucesso que a Botão FC tem obtido ao longo de uma década e meia de muito trabalho. Homem religioso e sensível, ele faz questão de revelar, emocionado, um milagre ao citar o nome de Deus.
“O mercado de futebol de botão não é fácil. É preciso muito trabalho e perseverança para mantê-lo. A Botão FC foi criada no dia 24 de setembro de 2009, no Shopping Tijuca. Eu vinha de uma sociedade desfeita e decidi ir adiante sozinho, com a cara e a coragem, mas, fundamentalmente, com a presença de Deus. Sempre o tenho ao meu lado. Nunca falei disso com ninguém, mas sinto muito a sua presença e Ele sempre me deu provas de que está comigo. Não tenho salário e dependo do que entra na loja para me manter. Muitas vezes, tinha uma conta alta (R$ 1000,00, por exemplo) vencendo no dia seguinte, sem ter vendido nada na véspera. Mas, a minutos da hora de fechar a loja, do nada, sempre entrava um cliente e fazia uma compra, acredite, de R$ 1000,00. Isso já aconteceu inúmeras vezes. Deus me envia esse cliente. Deus me dá a certeza de que estou no caminho certo”, frisa Baruque, com lágrimas nos olhos.
SAI BARUQUE, ENTRA RICARDO
Embora tenha nascido em Mimoso do Sul, no Espírito Santo, Baruque pode ser confundido com o típico carioca. Boa praça, está sempre de bem com a vida e é adepto de uma boa resenha, regada a uma cervejinha gelada, nas horas de folga. Entre os mais variados assuntos, adora conversar sobre futebol de botão. E elogia o trabalho que a Federação de Futebol de Mesa do Estado do Rio de Janeiro (FEFUMERJ) e a Confederação Brasileira de Futebol de Mesa (CBFM) vêm realizando em prol do esporte. “Temos uma boa relação e mantido belas parcerias em eventos temáticos que venho promovendo, como o Cariocão, o Super Mundial de Clubes e a Expo Botão. Espero que sigamos em plena sintonia”, diz Baruque, que, no entanto, evita entrar no gerenciamento da modalidade dadinho em nível estadual. “Jamais seria candidato à presidência da entidade”, revela.
O que não o impede, porém, de comandar a sua própria liga de futebol de botão, a ARCB (Clubes e Seleções), onde, além de organizar os campeonatos, dá suas palhetadas, com muita técnica e habilidade, conquistando títulos. A liga nasceu no dia 2 de janeiro de 2008, em homenagem ao seu filho, Rodrigo, então com dez meses de vida. “A ideia era para que os amigos conhecessem o Rodrigo, já que meu horário de trabalho era complicado, e decidimos criar um evento único, apenas para nos divertir jogando botão e homenagear o meu filho. Mas, devido à solicitação dos amigos, que gostaram da experiência, instituímos uma etapa a cada ‘mesversário’ dele. No final de 2007, porém, tornamos a coisa mais séria (com regras e mesas oficiais) e nasceu a Associação Rodrigo de Carvalho Baruque (ARCB)”, revela Baruque, sem esconder a satisfação com o crescimento de sua liga, que já revelou talentos do quilate de Paulinho Quartarone, Tavares, Aires, Pitico e Marcelo Mendes, atletas de peso no universo atual de federados.
“Às vezes não é fácil comandar a ARCB. Sou obrigado a substituir o Baruque, descontraído, pelo Ricardo, um cara mais sério e que faz o papel de presidente da ARCB, pois existem alguns conceitos mais exigentes do que com as ligas tradicionais e federações, como a responsabilidade com os uniformes e itens fornecidos, mas, no geral, a satisfação é imensa. Hoje a ARCB é uma liga conhecida, onde muitos jogadores de renome têm a intenção de jogar e vários atletas de ponta jogaram lá. Mas é uma liga feita em casa, sem restrição a federado ou não federado, sem se importar se as pessoas jogam bem ou não. O propósito é congregá-las em um ambiente saudável. Após os campeonatos tem sempre uma resenha, um bate papo, uma cervejinha. A ARCB é uma instituição com custo um pouco mais elevado, mas que oferece ótima estrutura aos associados e, em 2022 fará 14 anos de fundação, possivelmente com meu filho, Rodrigo, fazendo sua estreia nas mesas, o que muito me emociona. Vamos em frente”, diz, confiante, o vendedor de sonhos da Botão FC e, porque não, da ARCB.
Texto: Alysson Cardinali