NUNO SILVA É O CRISTIANO RONALDO DOS GOLS COM A MÃO

Nuno Silva espera um dia voltar a ver o futebol de mesa com mais presença junto dos jovens

Nuno Silva, de 51 anos, representa o Sporting Clube de Portugal e é tricampeão nacional de futebol de mesa por equipas.

Saber marcar gols com a ponta dos dedos parece fácil, mas não é. O futebol de mesa tem ganho adeptos nos últimos anos e O MIRANTE foi conhecer as razões para tanta popularidade.

No futebol de mesa, também conhecido por subbuteo, são onze contra onze e no fim ganham os melhores remates com a ponta do dedo. Que o diga Nuno Silva, 51 anos, da Póvoa de Santa Iria, um dos praticantes mais medalhados e experientes no que diz respeito ao futebol de mesa. Já competiu no campeonato do mundo, no europeu, na liga dos campeões e é actualmente tricampeão nacional de futebol de mesa em equipas com a camisola do Sporting Clube de Portugal.
Jogado num campo de feltro com onze figuras homologadas pela Associação Internacional de Table Soccer (FISTF), o jogo tem praticamente as regras do futebol: um árbitro e, claro, claques a torcer por cada um dos lados. Os adversários defrontam-se numa mesa com pequenos toques nas figuras que controlam a bola e marcam golos de fazer os desconhecedores ficar incrédulos. A O MIRANTE, Nuno Silva diz que o mais desafiante é convencer as pessoas que o futebol de mesa é um desporto. Fala das federações, associações desportivas, da ligação ao Sporting, realiza treinos regularmente e as provas são até reguladas por órgãos oficiais – semelhantes à FIFA ou UEFA no futebol convencional.

“Normalmente as pessoas olham-me de lado quando digo que é um desporto. Mas o xadrez também é desporto, dardos e jogos de consola também são desporto, logo futebol de mesa também se qualifica facilmente, até porque exige precisão, concentração e muito controlo nos movimentos finos, da repetição, da previsão, da percepção e da inteligência táctica”, conta.

Na sua infância Nuno Silva via o futebol de mesa como um entretém, a par do pião ou andar de bicicleta. No entanto a paixão continuou mesmo quando a vida lhe exigiu que abraçasse outros projectos. Aos 46 anos, através de um amigo, reacendeu a paixão que tinha pelo futebol de mesa e nunca mais parou. Começou por treinar no Clube Desportivo dos Olivais e Moscavide, em Lisboa, onde se manteve até receber o convite do Sporting para dinamizar a modalidade no clube.
Para Nuno Silva – benfiquista desde pequeno – envergar as cores do rival não é de todo uma preocupação pois o seu objectivo, enquanto atleta, é representar as cores do clube ao qual está ligado e fazer de tudo para que a vitória esteja do seu lado. Com um grupo de 12 elementos, Nuno Silva planeia conquistar o topo do pódio internacional. “Já sou tricampeão de equipas, o que é uma honra e um privilégio, mas o bronze e a prata nos campeonatos internacionais só nos fazem querer mais, mais treino, mais competição, mais dinamismo, que ainda falta, porque a Federação Portuguesa de Futebol ainda não nos reconheceu, ao contrário do que fez com os e-sports (jogos digitais)”, critica.

Itália é o alvo a abater
Nas provas internacionais, que englobam seleções de todo o mundo, Itália é o obstáculo a superar, afirma o atleta, que já defrontou a Squadra Azzurra por diversas vezes e até à data o sabor amargo a prata não foi superado. O futebol de mesa é um dos jogos tradicionais de café em Itália, onde miúdos e graúdos passam horas em torno de uma mesa, à semelhança do que acontece em Portugal com os jogos de dominó e sueca. “A Itália é um calcanhar de Aquiles porque todos eles jogam isto desde miúdos. Qualquer clube ou café de bairro tem uma equipa de futebol de mesa, é impossível não tropeçarmos neles. Quando lá fui em competição fiquei apaixonado pela paixão deles por este desporto e quero muito replicar isto cá”, refere.

O sonho de abrir uma escola da modalidade na Póvoa de Santa Iria pode estar para breve. O praticante já contactou a União de Freguesias da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa que está em busca de um espaço individual ou partilhado para que tal aconteça. Nuno Silva pretende criar um clube capaz de dinamizar o campeonato nacional, formando gerações de futuros campeões que levem o desporto a novos patamares.

Relíquias no lixo
Adepto dedicado, Nuno Silva tem em sua posse diversos conjuntos completos em imaculadas condições, capazes de valer centenas de euros. Há um mês, num passeio descontraído pela Póvoa de Santa Iria, encontrou junto a um caixote do lixo um conjunto de futebol de mesa que lhe fez brilhar os olhos. “É um autêntico tesouro. Quem o meteu no lixo não sabia o que estava a fazer. Um conjunto oficial da Subbuteo, do Mundial de 1985 do México. Completo vale um balúrdio, porque é muito raro. Quanto mais antigo e específico for o conjunto, mais raro e caro se torna”, confessa.

Reprodução: O Mirante (Portugal)