NA CHAPA DO DADINHO – ENTREVISTA COM RAFAEL MELLO DO MARIA DA GRAÇA

NA CHAPA DO DADINHO

Iniciamos hoje nosso programa de entrevistas da Federação de Futebol de Mesa do estado do Rio de Janeiro (FEFUMERJ) da modalidade Dadinho. Serão entrevistas por escrito ou em vídeo. Para começar, entrevistamos Rafael Mello, fundador e Diretor Técnico do Maria da Graça Futebol de mesa.

Rafael Mello, Fundador e Diretor Técnico da equipe de futebol de Mesa do Maria da Graça. Um prazer te entrevistar. Fale sobre como tudo começou, a história do Maria da Graça.

Tudo começou em 2015. Eu tinha uma liga lá em casa que durou uns seis meses até que minha mãe falou que não queria mais botão em casa. Então eu e o Rafael Lauria, em dezembro de 2015, resolvemos iniciar o futebol de mesa no Maria da Graça. Vale citar que antes da gente o Sergio Junior do Toque toque tentou iniciar lá mas não conseguiu mas deu essa abertura para a gente iniciar o projeto pois na época que ele começou, eu, Guns e Gomes fomos lá visitar e conhecemos o local. Nesse primeiro ano, até o final de 2016, nós não nos federamos. O Maria da Graça só se tornou um clube federado em 2017. Atualmente, nosso presidente é o Rodolpho Malvar.

Equipe do Maria da Graça
Equipe do Maria da Graça

Como o Maria da Graça resolveu se federar? O que levou vocês a tomarem essa decisão de tornar o Maria da Graça um clube do futebol de mesa?

Quando começamos em dezembro de 2015, tinhamos duas ideologias: A do Lauria que queria algum lugar para se federar e a minha que achava que o clube não tinha estrutura para se federar e seria melhor trabalharmos o ano de 2016 como liga para nos prepararmos para federar posteriormente. O Lauria não conseguiu se federar pois para isso o clube precisava ter pelo menos cinco pessoas federadas e nós não tinhamos isso naquele momento. Bom, para mim, o clube precisava de uma identidade, melhorar a estrutura da sala. No inicio enfrentamos algumas criticas, muitos viam o fato de não nos federarmos como uma coisa que não iria dar certo mas a gente foi focando e com muita raça foi fazendo. Passou o ano de 2016, eu tive a ajuda de três amigos importantes: Paulo Machado, Luciano Correa e Rodrigo Malvar. Esses foram os primeiros federados comigo. Um pouco depois vieram o Rodolpho Malvar, o Ramponi e Minduba. Essa foi a nossa primeira equipe. Iniciamos na federação em 2017 mas só jogamos a Copa Rio de Equipes. Achei que ainda não era o momento de jogarmos o estadual (5×5) e o Brasileiro. Eu costumo me usar como exemplo em nossa principal caracteristica: Revelar jogadores. Então, eu sou cria do Maria da Graça, a retomada do Ramponi que naquele momento não era visto como jogador top, estava escondido, o desenvolvimento do Malvar, alguns outros atletas que se desenvolveram foi em cima da nossa filosofia que é de desenvolver jogadores. Clubes grandes já reconhecem nosso trabalho e costumam indicar alguns atletas para o nosso clube. Gosto dessa ideia. Nós temos alguns atletas experientes que contratamos como o Guns e o Paulinho mas nós apreciamos muito a ideia de revelar jogadores.

Copa Rio que vale ressaltar que vocês foram bem sendo vice campeões da Prata. Além disso, o Ramponi foi campeão da Série Prata e era o primeiro ano do Maria da Graça como federado. Como você vê esse bom inicio? Seria fruto do seu projeto de aguardar um pouco mais para se federar?

Eu acredito que sim. Porque a gente ganhou experiência. Em 2016 a gente pegou experiência com quem já era federado e ia nos nossos torneios. Isso foi importante para chegarmos com mais bagagem na federação. A gente trouxe o Ramponi, que já tinha alguma experiência na federação, e o Rodolpho Malvar que já era uma revelação do Iguaba. No nosso primeiro ano eu já consegui acesso para a Série Ouro – Adulto, primeiro atleta do Maria da Graça a jogar a ouro, tivemos o vice campeonato da Prata na Copa Rio. E no meio de 2017, a nossa maior contratação, Guns Ilha. Ele foi o atleta que mais pontuou na final da Copa Rio. E o grande marco foi o título do Ramponi na Série Prata – Adulto na etapa do Maracanã e em seguida ele terminou em sétimo lugar na Série Ouro – Adulto. Essa bagagem que pegamos em 2016 nos ajudou a fazer um 2017 melhor do que se a gente tivesse escolhido se federar no inicio de 2016.

Guns Ilha
Guns Ilha
Guns… Essa é a diferença. Eu lembro que a chegada do Guns foi muito comentada, teve festa da torcida, torcedoras tirando selfies… Como é essa convivência com o Mago Guns? Como vocês lidam com o assédio da torcida? Atrapalha os treinos?

É o atleta mais popular. Ele tem um nível técnico similar ao dos melhores atletas do Maria da Graça mas ele é o mais popular. Geralmente quando os atletas perdem o jogo tentam se auto defender e o Guns virou uma lenda quando inverteu essa lógica. Começou a falar: “Eu perco porque sou ruim”, “Eu sou o pior do futmesa”, “Nada mais precisa ser dito”, “Essa é a diferença”. Essa coisa dele exaltar o adversário e se auto depreciar como uma estratégia, fez com que ele se tornasse popular e criasse uns chavões ao futebol de mesa. Então a vinda dele aumentou o número de pessoas simpatizantes ao clube com certeza.

Mas como é quando ele está presente? Vocês tem muita dificuldade para controlar os fãs que ficam querendo entrar na sala para falar com o ídolo? Vocês tem seguranças ou despistam os fãs com horários alternativos para treinos com o Guns?

Muito dificil. As pessoas o veneram, fazem reverência… Como a gente é um clube pequeno não temos essa estrutura de segurança que ele mereceria ter mas ele consegue ser um cara que atende os fãs, as vezes responde com deboche, mas é o jeito dele e até hoje não trouxe nenhum problema. Tem três, o campeão, o vice e o terceiro, se o Guns é terceiro ele atrai mais comentários do que o campeão. Já teve convidado que ganhou nosso torneio e reclamou que não teve tanta resposta como o Guns que foi o terceiro. Fazer o que? É a popularidade dele. Não temos o que fazer.

Como está o ano de 2018 para o Maria da Graça?

Tivemos a federação do Bruno Thomaz, do Paulinho e o folclórico Curvello. Além dos meninos Lincoln, Diego e o Dudu que era do Aliados. Ganhamos mais troféus na prata como o vice campeonato do Guns, o terceiro do Rodolpho Malvar e mais um título do Ramponi. No Torneio de Equipes elevamos nossa condição ao chegarmos na final da Copa Rio Série Ouro e terminamos em oitavo lugar. Fizemos uma boa campanha. Nossa melhor colocação até o momento em torneio de equipes. Vamos jogar o Brasileiro pela primeira vez esse ano. Ano que vem vamos jogar o Estadual. Projeto aumentou. Éramos sete federados, agora somos treze federados mais quatro filiados. Estamos crescendo. Aos poucos como o projeto se propôs a ser.

Como você começou a jogar botão?Eu sou cria do Méier onde jogava botão. A galera que jogava comigo era com botão pequeno, 2.5. Eu parei em 2000 e voltei em 2014. Numa dessas negociações de botão, o Tanoco, atleta do River, me convidou para jogar num torneio com o Guns Ilha. Aí fui conhecendo outras ligas. Dessa forma, conheci a NLB do Carlos Fernandes (Belga), aonde eu tive meu primeiro título. Foi lá que surgiu o Mello Meier porque lá tinhamos que dar nome de times. Inspirado no ídolo Guns que coloca seu nome e o bairro aonde mora, eu botei meu nome e o bairro, ou seja, Mello Meier. Cheguei a jogar também na Liga do Magoo. O que chama atenção é que demorei pra abandonar os pequenos mas aos poucos fui indo para os botões maiores.

Rafael Mello
Rafael Mello
E o que você faz além de jogar botão?

Sou Professor de História, Sociologia e Filosofia.

Mello Praça. Conta pra nós como surgiu esse apelido.

Uma brincadeira do Guns e do Tanoco. Como eu comecei depois deles, era um atleta com menos experiência. Então eles ficavam injuriados porque eu dava trabalho pra eles mas para os outros eu perdia com mais facilidade. Mas isso é porque eu conhecia mais o jogo deles. Aí eles falavam: “Contra mim é o Mello Praça, acerta tudo, mas contra os outros perde de goleada!”

Vale destacar que você tem chamado atenção nas etapas pelo seu estilo! Virou uma referência de estilo para os jogadores de futebol de mesa. Como você se sente em relação a isso e qual dica que você dá para os atletas sobre como se vestir de forma bonita e estilosa da forma que você faz nas etapas?

Eu dei uma moral para o gorro que a esposa do Rodolpho Malvar estava fazendo. Mas essa coisa de estilo do Maria da Graça veio de uma contratação do Maria da Graça: Curvello. Esse é nosso estilista. É o cara cheio de estilo do Maria da Graça. Ele contagiou o grupo. Eu fui contagiado pelo nosso estiloso, modelo, Curvello.

Rafael Mello
Rafael Mello
MOMENTO NA CHAPA DO DADINHO! Uma palavra e respostas curtas! Vamos lá!

Futebol de Mesa: Maior paixão de entretenimento.

Ídolo no futebol de mesa: Guns Ilha.

Cerveja: Original.

Lugar que gosta de ir: Bahia.

Lugar que recomenda para os inimigos: Nenhum lugar. Todos nós devemos pagar pelos erros. Só desejo isso.

Quando você falecer o que tem que estar escrito no seu túmulo: Agradeço pelos amigos e pessoas importantes que me relacionei nessa vida.

Qual a parte da história que você mais gosta: História do Brasil.

O dadinho tá de chapa! Corta pra direita? Corta para a esquerda? Ou fica no meio?: Esquerda.

Uma série: Cavaleiros do Zodíaco.

O que você pensa quando acorda: Preciso viver bem aquele dia.

Agora gostaria que você falasse a respeito sobre o nosso atual momento do futebol de mesa. Diga lá, o que está achando?

Crescente muito grande. To vendo um crescimento e isso tá sendo importante. Estamos retomando um ambiente de convivio social, fazendo novas amizades através de um esporte que somos apaixonados. A Federação, como todo esporte de alta competição, existe a vontade de ganhar. “É só amizade…” Mas todo mundo quer ganhar! Se o cara fala que só joga pra brincar ele nem ia se preocupar se o outro é competitivo. Dentro dessa competitividade existem algumas tensões mas isso é normal. Acontece em todos os meios, todos os esportes, tudo que se propõe a ser uma competição. Futmesa é um lugar de amizade mas também ocorrem desavenças. Faz parte. Todas as coisas positivas como os enfrentamentos fazem parte do contexto. Está tudo dentro da normalidade. Acho que tá indo bem.

Rafael Mello
Rafael Mello

Show de bola, falou bonito, falou com estilo. Muito bacana nosso bate papo. Quero te agradecer pela entrevista e pedir pra explicar como fazer caso queira se juntar ao Maria da Graça. Deixa também seu abraço, suas vaias, o que você quiser.

Maria da Graça Futmesa. Toda segunda a partir das 19:30 temos nosso torneio Segundas Intenções. Só aparecer no clube e nos procurar. Atletas novatos aceitamos todos. Atletas experientes estudamos se tem algum histórico de problemas e se for aceito se junta a equipe. Agradeço por me escolher para entrevista que é a primeira da federação, eu e a equipe ficamos honrados, gostamos muito. Ficamos felizes com a lembrança. Desejo que o futmesa continue crescendo, gerando amizades, histórias, competições emocionantes, isso que nos move nesse esporte. Agradeço também ao Sergio Veras pela força que sempre deu a nossa equipe, inclusive temos uma sala com o nome dele. Também que agradecer a Corinto Temperos, nosso patrocinador, por todo apoio que nos dá. Completo falando que acho importante que Ligas e Federação andem juntos. Tem que ter espaço para os dois interagirem. Ligas e Federação andarem de mãos dadas. Isso é importante para todos nós. Um abraço a todos.

Entrevista realizada por Bruno Ribeiro – Diretor de Comunicação FEFUMERJ Dadinho

O Maria da Graça fica na Rua Professor Boscoli, 40 – Maria da Graça