NA CHAPA DO DADINHO – ENTREVISTA COM BRUNO RIBEIRO (SONECA)

NA CHAPA DO DADINHO

“Oooo Aurora! Bola fora!”
“Recheou! É gol! Que felicidade! Colocou recheio no fundo do barbante!”
“Guarda a chave bola na trave!”
“San san rão rão Bola no travessão!”
“Placar sincero! Zero a Zero!”





O Convidado de hoje é ele que tem interpretado todos os lances do futebol de mesa, ele que recomenda você tomar um Calmante Bustamante quando está nervoso e para ter um rebolado bonito indica as aulas de dança do Benedito! Bruno Ribeiro (Soneca), nosso narrador, que sai dessa vez da função de entrevistador para assumir a posição de entrevistado. Leonardo Arcanjo ficou encarregado de saber um pouco mais dessa figura do futebol de mesa.

Bruno Ribeiro (Soneca)Soneca, quando você começou a jogar futebol de botão?

– Eu devia ter uns quatro ou cinco anos e no corredor do meu prédio tinha uns garotos jogando. Aí eu vi aquilo, gostei, fiquei com vontade e comecei a dar aquele show de criança que eu também queria aquilo pra mim e eu quero eu quero eu quero… Perturbando a cabeça dos meus pais até que me levaram para as Lojas Americanas para comprar uma mesa e um time. Compraram o Estrelão e um time que eu escolhi. Eu olhei e falei: “Quero esse daqui do Brasil!” Mas quando cheguei em casa descobri que não era Brasil e sim um time do Guarani. Aí a partir desse momento eu fui ganhando, comprando, um monte de times de plástico, depois vieram os de madre pérola… O primeiro aliás de Madrepérola foi um botão do Flamengo que achei na janela do quarto da minha mãe. Minha mãe se chamava Jussara e eu dei o nome do botão de Jussoro por causa disso. Enfim, o botão acabou virando o maior hobby da minha vida, eu jogava sempre sozinho com campeonatos que tinha jogadores criados por mim, aí tinha o Bruno, grande craque, o Fluminense foi campeão do mundo, rs. Tudo da minha imaginação. Eu criei uma categoria que eu chamava de A1. Uma categoria que teria surgido em 1970 com campeonatos disputados por reservas mas que com o tempo se separou e quando o jogador estava na categoria de base ele decidia se ia pro profissional ou pro A1. Uma imaginação sensacional. Isso durou até 1998, mais ou menos, por coisas da vida. Só retornei a jogar em 2008. Nessa época eu trabalhava no Globo e um dia descobrimos uma sala de jogos na empresa que tinha duas mesas oficiais. Tava lá abandonada, quando descobri eu já tinha uns três anos de empresa. Enfim, quando eu e os colegas descobrimos olhamos um para a cara do outro e combinamos de levar nossos botões para jogar no dia seguinte. A partir desse dia, toda hora de almoço era hora de jogar botão. Aí criamos a Liga Infoglobotão, a qual me tornei o presidente. Eu cheguei a ser Tri Campeão dessa liga. Quando eu saí do Globo em 2011, fizeram uma homenagem muito bacana pra mim criando a Taça Bruno Ribeiro.

Depois de jogar na infância, no Globo, quando você descobriu a federação? Em qual clube você se filiou?

Bruno Ribeiro (Soneca)– Então, além do Globo, em 2009 eu vendo anuncio de futebol de botão descobri que tinha um jogo na Gávea todo domingo, era do Hamilton Tavares Neto Tavares. Eu fui lá no intuito de comprar botão. Chegando lá, conversei com o Hamilton que me explicou que tinha campeonato todo domingo e que eu poderia jogar se quisesse. No Hamilton, ele organiza campeonatos com todos tipos de botão e na época que eu fui era dos botões argolados que eu nunca tinha jogado antes. Fui até bem, cheguei na semifinal. A partir desse dia passei a ir todo domingo. Por isso eu sempre digo que sou cria do Hamilton, jogava lá direto. Vale destacar que nessa época o botão foi muito importante pra mim pois foi a fase que minha mãe foi operada para retirar um tumor da cabeça e, infelizmente, o pós operatório dela deixou ela de cama três meses em estado vegetativo e o futebol de botão me deu força pois servia pra distrair minha mente nessa fase complicada da vida. Sobre a Federação, lá no Hamilton que comecei a conhecer mais pois vez em quando ia algum federado lá jogar. Eu sempre tive a imagem que a federação era muito estressante e eu sempre gostei de jogar me divertindo, jogava comemorando gols cantando músicas para cada botão, até hoje quem me viu jogando aquela época lembra das canções de cada botão, rs. E quando me vê todo sério na federação, fazendo gol em silêncio, leva até um susto. Tive botões que criaram fama na época como o Garrincha, um botão pequeno do Botafogo, que fez oito gols em um jogo só na Liga Infoglobotão, o Fred, botão pequeno do Fluminense, que me deu títulos na Gávea e ficou famoso na Copa do Mundo de 2010… Enfim, por isso então eu corria da federação. Tive convites mas sempre corria. Até que no segundo semestre de 2014, eu resolvi ir num aberto do Fluminense com o Rodrigo Bandini. Fomos e lá no campeonato estava jogando o Sarti Neto que começou a jogar no Hamilton. Ele me conhecia de lá. Aí ele me convidou e eu não resisti porque o Fluminense é o time do meu coração. E ainda arrastei o Bandini pra entrar junto comigo, rs. Desde então estou federado e pelo Fluminense, nunca saí de lá. Ah! Na primeira etapa individual que disputei, joguei com o Fred que me ajudou a subir pra ouro com os vários gols que fez, rs. Depois o aposentei e ele virou auxiliar técnico.

Bruno Ribeiro (Soneca)De onde surgiu essa de narrar? Quem fez o convite?

– Narrar veio da infância. Eu sempre joguei botão sozinho narrando. Isso foi na infância e adolescência. Inspirado nos meus ídolos da narração: Januário de Oliveira e José Carlos Araújo. As vezes ia amigo meu e primo lá em casa pra assistir. Eles adoravam. E quando iam assistir ainda viravam comentaristas. Meu personagem narrador era o Carlos Góes Araújo que eu dizia ser irmão do José Carlos Araújo, rs. A ideia de eu virar narrador da FEFUMERJ é do Alexandre França Aires . Ele que teve a ideia das transmissões ao vivo. Na primeira vez, quando ele falou já me ofereci mas eu não podia porque ia jogar a Série Ouro. Aí o primeiro narrador foi o Kovacs. Na segunda etapa, rolou de ter transmissão também da Série Prata, foi a etapa do Maracanã. Aí eu tive chances para narrar e não deixei passar. O Aires me deu a oportunidade e eu fui. Graças a Deus foi o maior sucesso, a galera curtiu, muita gente elogiando e comentando. Pensando muito também na galera que não joga, imaginei fazer algo com humor, mais descontraído para agradar todo tipo de público e aí eu fui colocando minhas pitadas de comédia nas transmissões. Aos poucos fui me soltando e criando personagens, patrocínios… o primeiro foi o Calmante Bustamante. E hoje em dia vejo a galera jogando e soltando meus bordões, falando dos meus personagens Zezinho, Haroldo Soares… Já até perguntaram pra mim quem era o Zezinho, rsrsrs… Muito legal. Isso me dá o maior prazer. Já fui até Brasilia narrar o Campeonato Brasileiro também a convite da CBFM. Foi um momento inesquecível.

Bruno Ribeiro (Soneca)

E o que te fez abrir mão do individual para narrar?

– Coisa minha. Eu decidi que se eu queria seguir essa carreira de narrador esportivo tinha que fazer sacrificios. Então decidi abandonar o individual para me dedicar a narração. Pode rolar um retorno meu? Pode. De repente na Prata, sei lá. Só o futuro dirá, rs. Mas na próxima etapa da Série Ouro estarei narrando. Eu continuo representando o Fluminense em torneios de equipes e individualmente jogo abertos e outros torneios.

O futebol de mesa costuma ser jogado com silêncio mas nas salas tem a sua voz ao fundo narrando. Como os atletas tem reagido com isso?

– Aproveitar esse momento para agradecer aos atletas pela paciência. Eles tem compreendido bem e nunca veio ninguém reclamar. Pelo contrário, eles tem curtido, rs. Isso é muito importante pra mim, essa compreensão e essa força que todos tem dado.

O que é melhor? Narrar ou jogar?

– Pizza

Ser professor de teatro, dar aulas de improviso, ajuda? Porque dizem que o teatro tira sua timidez, deixa mais solto, isso te deixa mais tranquilo para narrar?

– Totalmente. Tudo isso que falam do Teatro é verdade. Eu sou um cara tímido acredite se quiser. E o que me ajudou muito com isso primeiro foi a música, fui vocalista de banda. Depois pro Teatro, aí sim. Aprendi todas as técnicas, imposição de voz, criatividade… Isso me ajuda em tudo. Falando da Narração me ajudou a me soltar, arriscar, uma coisa que a improvisação teatral te dá, impor meus bordões, criar coisas, sempre que vou para etapas penso em alguma novidade, qual personagem, patrocinador, enfim, tudo isso vem do Teatro. Recomendo a todos. Faz bem em todas as áreas. Devo esse sucesso na narração ao Teatro. Ele te ajuda em qualquer área da vida, qualquer área mesmo. Recomendo a todos: Faça Teatro. Melhor ainda se for com o Professor Bruno Ribeiro – Improvisação Teatral. Um cara muito bacana e elegante.

Bruno Ribeiro (Soneca)MOMENTO CHAPA DO DADINHO

Defina Futebol de Mesa em uma palavra.

– Sucrilhos. Porque é gostoso, divertido e apaixonante.

Maior inspiração na narração.

– Me recuso a dizer um. Digo dois! Januário de Oliveira e José Carlos Araújo.

Uma frase que te inspira e você carrega pra sua vida

– Para viver é melhor sempre rir. (Soneca começa a cantar a música “sempre rir” do Bozo)

O dadinho está de chapa! Corta para esquerda? Direita? Ou fica no meio?

– Esquerda

Qual é a sua maior inspiração no jogo? Qual jogador que você quer ser igual quando crescer?

– No jogo? Romário! O baixinho era terrível! Eu era igual. Fiz 1002 gols na carreira. Ele fez um pouco mais.

Bruno Ribeiro (Soneca)Como ator você se inspira em quem?

– Jim Carrey. Nem sempre é muito valorizado por existir um problema do comediante ser desvalorizado. A arte de rir é a mais dificil de todas. Além disso, ele provou que não é só comediante fazendo papéis dramáticos com muita propriedade.

A entrevista foi muito boa mas continue sem jogar a Ouro que eu tenho nove motivos pra você não jogar, rs.

– Hahahaha… O pessoal da Ouro deve é estar com saudades de mim pois sem a minha presença não tem mais três pontos garantidos.

Para finalizar, qual é o Futebol de Mesa que você quer? Momento Futebol de Mesa que eu quero.

– O futebol de mesa que eu quero é que o futebol de mesa africano passe a ganhar mais. Joga bonito ganha nada, passe a ganhar um pouquinho… Esse sou eu, rs. Falando mais sério, Futebol de Mesa que eu quero é o futebol de mesa que a gente consiga competir com harmonia. Temos os clubes que representamos, rivalidades, tudo bem. Mas que essas coisas fiquem na mesa. Sem stress, discussão, sem brigas, não tenhamos mais as cenas tristes que rolaram em algumas etapas. As pessoas controlem seus nervos e tenham respeito ao próximo que é fundamental. Respeito ao próximo você tem que ter na vida. Respeito ao seu adversário. Mais diversão a todos. Agradecimento a você pela entrevista, ao Fluminense que é comandado pelo Paulinho Dadinho, uma das minhas maiores inspirações no futebol de mesa, meu guru, agradecer toda equipe do Fluminense que me acolheu e me atura, a FEFUMERJ pela oportunidade de deixar eu narrar os jogos, o Aires que abriu essa porta, todos os atletas federados pela paciência comigo, aturarem jogar com um narrador de fundo, agradeço a compreensão e lembrando a vocês para tomarem cuidado porque o Dadinho vai quicar!

Bruno Ribeiro – Soneca – Narrador da FEFUMERJ – Jogador do Fluminense Futebol de Mesa
Você pode conferir as narrações de Bruno Ribeiro em nosso canal do Youtube: https://www.youtube.com/fefumerjdadinho

Perguntas feitas por Leonardo Arcanjo – Midias Sociais – FEFUMERJ Dadinho