LUIZ CARLOS OLIVEIRA. O HOMEM QUE MANDA NAS MESAS
José Carlos – O site da Federação de Futebol de Mesa do Estado do Rio de Janeiro (FEFUMERJ) não tem um histórico de entrevistas e depoimentos. Nesses tempos de crise, provocada pela pandemia do coronavírus, estamos abrindo espaço para que as pessoas com uma participação relevante no futebol de mesa do nosso estado contem suas histórias. Decidimos entevista-lo pela razão anteriormente citada e por você ser um atleta, artesão e dirigente extremamente respeitado no nosso meio devido a sua educação, correção e seriedade no trato com os membros da nossa comunidade.
Luiz Carlos – Primeiramente gostaria de agradecer a oportunidade de estar me dirigindo à comunidade do Futebol de Mesa, a qual tenho muito orgulho de pertencer.
José Carlos – Fale sobre o seu primeiro contato com o futebol de botão (infância, adolescência).
Luiz Carlos – Tive contato com os primeiros jogos de botão nos anos 60, quando ainda criança, era costume em minha família, avô, pai, tios, primos e amigos se reunirem para animadas partidas, foi nesta época que minha prima começou a me ensinar.
José Carlos – Como foi a passagem para o futebol de mesa oficial?
Luiz Carlos – Foi em 1982 que tomei conhecimento da Regra Bola 12 Toques, através do Carlos Marques, um conhecido jornalista de Petrópolis que tinha acabado de voltar de São Paulo com essa novidade. Me apaixonei pela idéia de jogar oficialmente, disputei o Campeonato Brasileiro de 1992 em Curitiba (PR). Por motivos profissionais parei em 1994 e só retornei em 2001, quando descobri que um grupo de pessoas tinha reorganizado a Associação Petropolitana de Futebol de Mesa, no ano seguinte me federei pela FEFUMERJ. Desde então só não pude jogar uma etapa do Estadual devido a uma cirurgia no tornozelo, acredito ser o mais assíduo da modalidade no Estado do Rio de Janeiro.
José Carlos – Comente sobre sua trajetória como botonista. Suas principais conquistas (esportivas e humanas) e sua maior frustação no futmesa.
Luiz Carlos – Reconheço que sou um jogador mediano não tenho muitos títulos, minha maior conquista foi terceiro colocado da Categoria Máster Ouro no Campeonato Brasileiro de 2016, realizado em Botucatu (SP). Conquistas humanas, essas sim, são incontáveis. Tenho conhecidos que posso considerar grandes amigos em quase todas regiões do país. Disputo os campeonatos com muita alegria é lógico que toda derrota nos causam insatisfação, ninguém gosta de perder, mas logo procuro esquecer e não chega a causar frustações.
José Carlos – Fale sobre o Petropolitano e o Coronel Veiga. Faz falta uma equipe de Petrópolis?
Luiz Carlos – Tivemos uma época excelente em Petrópolis, com vários jovens e muito incentivo ao esporte, sediamos etapas do Estadual, Torneio RJ x SP, Brasileiro de Equipes e vários torneios. Os jogadores do Petropolitano F. C. sempre estavam presentes nos podiuns principalmente nas categorias de base, Rhaniery, hoje em São Paulo, conquistou um Brasileiro defendendo o clube, fomos Campeões Brasileiro da Série Prata de Equipes. No Coronel Veiga tivemos uma passagem rápida porém também vitoriosa. Devido a falta de continuidade, a garotada começou a ter compromissos profissionais, familiares e a concorrência com os Clubes de camisas da capital o movimento foi perdendo força, hoje um grupo está lutando para recomeçar na modalidade Dadinho. Realmente faz muita falta uma equipe aqui na cidade. Poucos sabem mas Petrópolis iniciou na 12 toques muito antes da Capital, acredito que tenha sido a primeira cidade do Estado.
José Carlos – Um jogo inesquecível.
Luiz Carlos – São vários geralmente aqueles que saímos vencedores (risos). Um que me marcou bastante foi no torneio Rio x São Paulo Máster de 2004, estávamos jogando no SESC de Nogueira, a equipe de São Paulo muito mais experiente sempre ganhando, toca a sineta eu tenho um chute de longe, perdia para o Shalke por 4×3, se eu fizesse o gol empataria meu jogo e a partida. Chutei e a bola entrou no ângulo, parecia final da Copa do Mundo.
José Carlos – Seu gol mais bonito.
Luiz Carlos – Na modalidade 12 toques saem muitos gols, mesmo quando perdemos o jogo, fica difícil lembrar um eu fico com esse citado acima pela importância e o que representou aquele empate.
José Carlos – O adversário mais complicado de vencer.
Luiz Carlos – Para mim são todos! Como falei sou um jogador mediano, como diz o Milton Pedreira, ex-presidente da FEFUMERJ, faço gol por “espasmos” marco em um jogo e passo vários sem fazer nada.
José Carlos – Comente como decidiu fabricar mesas, o reconhecimento pela qualidade do seu produto e os lugares mais distantes e insólitos aonde suas mesas chegaram.
Luiz Carlos – Essa é uma longa história, vou tentar resumir. A história das Mesas Olliver se confunde na relação da família Oliveira com o esporte, na minha adolescência transformei uma mesa de cozinha da minha avó numa mesa de botão para jogar com meus irmãos e primos, não sabia que essa seria a primeira de uma série. O jornalista, que citei acima, ao tomar conhecimento da regra paulista adquiriu algumas mesas de São Paulo e eu comprei uma para mim. Com o passar do tempo a mesa foi se desgastando até ficar impraticável. Meu irmão Antonio Carlos, sabendo da minha façanha no passado sugeriu que fizéssemos uma mesa sem grandes pretensões. Quando fomos comprar a chapa era muito grande e dava para fazer duas mesas. Resolvemos fazer uma para cada um e, quando ficaram prontas, nosso amigo Gilson, que jogava conosco e também foi federado à FEFUMERJ, pediu para comprar a que havia sobrado. Outros pedidos vieram e quando percebemos estávamos fazendo mesas. Por incentivo do Flávio Chammas fornecemos algumas mesas para o Brasileiro de 2004 disputado no Rio de Janeiro. Nesta fase já eram bem diferentes daquelas primeiras mesas que até receberam várias críticas mas que serviram de incentivo para buscar uma melhora. Graças a aceitação nesse brasileiro, iniciamos o fornecimento para os clubes e outras Federações. Em 2005 me aposentei do Banco do Brasil, então decidi junto com meu irmão montar uma empresa, hoje legalizada e com funcionário, preocupado com a continuidade tenho pessoas aptas a dar prosseguimento ao nosso trabalho se assim desejarem. No Brasil já enviamos nossos produtos para várias regiões, temos algumas no exterior, acredito que a maior surpresa foi o envio de uma para a Polônia.
José Carlos – Você é Diretor Financeiro da FEFUMERJ há muitos anos, desde a gestão do Flávio Chammas. Fale sobre essa experiência.
Luiz Carlos – Recebi o convite do Dr. Flávio Chammas que na época era lojista em Itaipava e um grande incentivador do esporte aqui em Petrópolis. Me foi confiada a Diretoria Financeira, talvez pelo meu histórico de bancário e por estar fora da capital. Sempre procurei ser bem transparente, publicando os balancetes anuais em nosso site. Após a saída do Flávio pensei em me retirar porém o Cláudio Pinho, atual presidente, acreditou no meu trabalho e me sinto muito honrado pela confiança até hoje depositada na minha pessoa.
José Carlos – Você defende que o esporte deveria se chamar Futebol de botão. Fale sobre isso, por favor.
Luiz Carlos – Esse é um assunto polêmico. Vou colocar aqui minha opinião para reflexão. Somos chamados em nosso meio de “botonistas”, utilizamos mesa de “botão”, jogamos com “botões”, sempre que vejo matérias em reportagens de TV ou algo parecido, normalmente inicia assim “vamos falar do Futebol de Mesa o velho e tradicional jogo de botão”. Se você fala Futebol de Mesa poucos sabem o que é ou confundem com o Tênis de Mesa.A coisa complicou mais agora que deram o nome a um outro esporte de Futebol de Mesa. Porque abandonar o “Jogo de Botão” que vem lá dos tempos do meu bisavô? Futebol de Botão tem um nome consolidado. Esse marketing não tem preço!
José Carlos – Muito obrigado.
Luiz Carlos – Peço desculpas se me alonguei muito nos assuntos. Deixo aqui uma frase: FUTEBOL DE BOTÃO É UM ESPORTE PARA TODOS, SEM LIMITAÇÕES!!!