JOÃO CARLOS NUNES E SUA TRAJETÓRIA NO MUNDO DO FUTMESA

JOÃO CARLOS NUNES E SUA TRAJETÓRIA NO MUNDO DO FUTMESA

Meu nome é João Carlos Silva Nunes, tenho 61 anos e sou natural de Porto Alegre (RS). Por feliz coincidência, nasci dia 14/02, Dia do Botonista. Sou montador de botões, desde 1991 e sou federado, na modalidade dadinho, desde a sua origem na extinta Federação Botonista do Estado do Rio de Janeiro (FEBOERJ) até os dias de hoje na Federação de Futebol de Mesa do Estado do Rio de Janeiro (FEFUMERJ). Atualmente, sou atleta do Botafogo Futebol e Regatas mas participei como atleta federado dos seguintes clubes: Tijuca Tênis Clube; Associação dos Funcionários do Banco Central (ASBAC); Maxwell Esporte Clube.

Também participei e participo de ligas independentes ao longo desses anos: Associação Friburguense de Futebol de Mesa ( AFFM ); SESI Nova Friburgo, espaço extinto; Liga Rex, que passou por transição, transformando-se em Maxwell E.C., hoje extinta de onde sairam os fundadores do Departamento de Futebol de Mesa do Flamengo; AFOCESC, atualmente Botão & Palheta; AIFO, atualmente NLB; Acadêmica do Botão, atualmente, Calabouço da Acadêmica; Espaço do Breda; Liga Leopoldina; Torneio Gugula Bazar, espaço extinto; Espaço Berinjela, espaço extinto; Futebol de Botão na Praça, atualmente Futebol de Mesa na Praça São Salvador FMS).

 

Torneio FMS, na Praça São Salvador em 2018.

Minha história com o futebol de botão, começa como várias outras embora tardiamente. Por volta dos 12 anos, na minha cidade de origem, iniciei jogando torneios entre amigos do prédio. A regra era o “toque toque” (como era chamado no sul), os meus primeiros botões eram “panelinhas” de plásticos. Logo depois, aos 14 anos, iniciava minha vida profissional, interrompendodurante décadas a prática do botão. Também, outro grande acontecimento, mudaria minha vida, saia do Rio Grande do Sul , para o Rio de Janeiro. Só retornaria a jogar com frequência, a partir de outra mudança, da cidade do Rio de Janeiro, para a cidade de Nova Friburgo. Isso só foi possível em outubro de 1990, daí para frente, não parando mais de jogar.

Nesse parte, morando e trabalhando em Nova Friburgo, quase por acaso, lendojornal local, “A Voz da Serra”, li uma reportagem de meia página, com fotos, resultados e divulgação da Associação Friburguense de Futebol de Mesa (AFFM). Naquela ocasião, acontecia um verdadeiro “despertar” pela vontade de jogar, e lá fui eu. Encontrei uma excelente estrutura, um grande espaço, organizado, com uma grande frequência de pessoas, faixa etária dos 8 aos 70 anos (na época). Para ser ter uma idéia, nessa ocasião havia um ranking de quase 100 pessoas, participantes.

Jogava-se o chamado “leva leva” (como chamam no Rio de janeiro), com outras particularidades. Duas modalidades de leva leva. A primeira, era jogada em uma mesa aglomerada lisa, com disco de “war”. A segunda, em uma mesa carpetada, com bolinha antiga de linha, da Brianezzi. Os torneios eram disputados todas as quartas e sextas-feiras, à noite. No fina lde 1990, eu começei a fazer as primeiras montagens de botões, tentava imitar os botões antigos, aproveitando a experiência de um torneiro, chamado, Maduro, pai de um rapaz que jogava por lá. Em 1991, passei a fazer também com Jorge Moutinho (irmão do Adriano Moutinho). Em 1991, um coordenador de Educação Física do SESI, aproveitando a divulgação via jornal, fez contato com a AFFM, e propôs um intercâmbio, abrindo um espaço naquela instituição, promovendo assim torneios em dias alternados da semana, às terças e quintas-ferias, também em horário noturno. Já no final de 1990, motivado pela necessidade de se adaptar e pela beleza, das coleções que via dos jogadores locais, comecei a comprar e trocar botões antigos, originários das antigas fábricas do Encantado e Bertiza. Como tudo na vida, acontecia no inicio de 1992, outra grande mudança. Voltava à cidade do Rio de Janeiro, deixando muitos amigos, nessa boa fase de Nova Friburgo.

Mal chegava na cidade do Rio de Janeiro e logo procurava os espaços disponíveis, que encontrei rapidamente. Algumas pessoas de Nova Friburgo, já conheciam o Hamilton, fundador da antiga AFOCESC, comerciante e grande colecionador de botões, jogava na regra 6×1, intitulada por ele, como regra Celotex. Simultaneamente, descobri uma Liga em Vila Isabel, por lá, jogavam em mesas pequenas 5 toques (direto). Hoje, alguns deles, continuam jogando com botões de até 42 mm, na LAB.

Também havia um estabelecimento próximo ao Colégio Militar da Tijuca comercial chamado, Gugula Bazar, onde vendiam-se e trocavam-se botões, de todo tipo, além disso, o Sr. Edson (dono do estabelecimento), promovia torneios.

 

Regis Martins (AFC).

Não lembro a data, mas na sequência, conheci a garagem onde o Regis Martins, grande jogador da FEFUMERJ, que organizava torneios, não regulares. Pouco tempo depois, ele passaria a manter a regularidade dos torneios, fundando a Liga Rex. Após alguns anos, passou um período de 1 ano em um condomínio no Grajaú, apoiado pelo amigo Flávio. A garagem do Régis, voltava, e começava a ficar pequena, migrando para o extinto Maxwell E.C., onde não pararia de crescer, em tamanho e qualidade técnica dos participantes da época.

As datas se misturam, e não lembro exatamente, mas importante para o desenvolvimento do botão, surgia o Espaço “Berinjela CD’s e Outros Livros“, um “sebo” situado na Avenida Rio Branco 185, onde jogava-se regularmente, capitaneado pelo Maurício Nascentes, que passou a levar o apelido de “Berinjela”. Daí para frente estava pavimentada primeira grande “estrada” para nosso Futmesa atual, a Liga Rex tinha um bom espaço com torneios regulares e desenvolvendo grandes jogadores, que ainda hoje, estão espalhados nos grandes clubes, como America, Botafogo, Flamengo, River e provavelmente outros, não citados aqui.

 

Diego, Caius Valadares, Jorge “7Letras” e Ronald Neri na Berinjela.

A Liga Rex, se federa junto à FEFUMERJ , ainda como regra experimental, um único evento é organizado naquela ocasião, no Clube Sargentos e Sub oficiais, no Rocha, diga-se de passagem, muitos excelentes atletas também originários de lá estão espalhados pelos grandes clubes do Rio de Janeiro, até hoje. O sucesso foi grande mas, naquele momento, o desempenho do pessoal da Liga Rex é muito superior, o que causou desinteresse e consequente desfiliação da FEFUMERJ. Houve uma percepção imediata do crescimento do Dadinho, pessoas como o Adriano Moutinho e Marcelo Coutinho, inteligentemente tentam agregar os grupos existentes e fundam a Federação de Botão do Estado do Rio de janeiro (FEBOERJ). Define-se outra regra experimental, 8×2, que seria encaminhada para a Confederação Brasileira de Futebol de Mesa (CBFM), através do então presidente Jomar Moura, atendendo os primeiros passos para a homologação da modalidade Dadinho. Eventos importantes foram organizados com grande sucesso. Um Campeonato Mundial nas dependências do Clube de Funcionários do BNDES, na Barra da Tijuca, com a presença de atletas espanhóis, argentinos e chilenos. Dois Campeonatos Brasileiros, sendo um nas dependências do Hotel Novo Mundo, no bairro do Flamengo, Rio de Janeiro e outro no Ginásio Gigantinho, do Internacional, em Porto Alegre. Infelizmente, esses Brasileiros, não são reconhecidos até hoje, a motivação principal, dá-se por conta, de apenas tres (03) Estados participarem.

A FEBOERJ, também ficava pequena, então houve uma incorporação à FEFUMERJ, modificando em reunião a regra para os atuais, 9×3 toques. A grande missão da FEBOERJ foi inserir o Dadinho no cenário oficial do Futmesa, projetoque a FEFUMERJ, “abraçou” e apoiou, transformando uma regra experimental em uma regra homologada. Vale lembrar o grandioso esforço do Ronald Neri e Bruno Romar, nessa fase de oficialização e consolidação do Dadinho. Existem muitas outras pessoas que participaram ativamente, como o Marcelo Poloni, José Alexandre, Márcio Menezes, e tantos e tantos outros, que não estão mencionados, fica minha desculpa pessoal a todos que não lembrei.

 

1º Brasileiro de Dadinho 9×3, em Brasília.

O jornada ainda não acabou e continua, com outros grandes colaboradores, Brasil afora, nc passado e no presente como Almo de Paula no Paraná, André Luiz em Brasília, Luiz Colla em Minas Gerais, e outros tantos em muitos Estados.

 

Colônia de Férias no Tijuca Tênis Clube em 2019.

A idéia principal dessa matéria é divulgar os locais que existiram e que ainda existem, para estimular novos espaços e pessoas dedicadas ao futebol de mesa. Fica um grande abraço a todos botonistas, sejam de qualquer regra, porque o mais importante é a divulgação deste esporte, no máximo de locais possíveis.

Texto: João Carlos Nunes