COLUNA 9X3 COM SARTI NETO

Raio-x
Nome: Luís Sarti Neto
Idade: Se Oxalá assim permitir, farei 56 anos de idade em dezembro.
Categoria: Máster
Clube: Flamengo
Residência: Botafogo/RJ
Modalidade preferida: Dadinho
Altura preferida: Não tenho uma altura exclusiva. A partir de 8,5 até 1,0 mm.
Bainha preferida: 11 graus.
Time de botão que mais gosta de jogar: Não possuo um time “titular”, mas, o Santos de 62 e o Flamengo de 74/75 foram os mais utilizados por mim em 2019. Aliás, o time rubro-negro foi feito em homenagem ao meu saudoso e amado avô, grande flamenguista.

9 perguntas:

1- Primeiramente eu gostaria de saber como foi jogar pelo seu clube de coração, o Fluminense?

O Fluminense sempre fez parte da minha vida e da minha família. Meus filhos frequentavam o clube desde pequenos, sendo que a Karina e o Tadeu Luís foram atletas e campeões pelo Tricolor. A minha filha, inclusive, foi campeã brasileira pela equipe de natação. Jogar futmesa pelo Fluminense foi sensacional. Guardo boas lembranças e também deixei grandes amigos lá, dentre eles, Moisés Morales e Ângelo Maia. Sempre digo para ambos que a distância não diminui a importância. Estamos sempre juntos.

2- Hoje o senhor joga pelo maior rival, Flamengo. O que fez ter a vontade de entrar nessa equipe e como lidar com o fato de vestir a camisa do rival?

Verdade. Jogo pelo Flamengo desde 2019, em virtude de um convite que recebi do chairman Ronald Néri. Sou tricolor de coração, porém, defendendo a camisa rubro-negra com dedicação e seriedade. Por sua vez, o ambiente entre os atletas na Gávea é tranquilo e agradável, o que pesou muito na minha decisão de aceitar o honroso convite acima mencionado. Agora, de fato, a vida nos prega certas peças, pois, nunca até então tinha me imaginado jogando e sendo campeão pelo Flamengo (individual e equipe). Insta acentuar, outrossim, que não sou um caso isolado do circuito. Há jogadores botafoguenses jogando no Vasco, como temos e já tivemos flamenguistas defendendo o tricolor, e assim por diante.

3- Dentre todos esses anos jogando futebol de mesa pela federação, qual temporada mais lhe marcou?

Todas as temporadas são importantes, sem sombra de dúvida. A evolução tem que ser constante e programada. No meu caso, então nem se fala.
Ao contrário da maioria dos atletas, não joguei botão na minha infância e adolescência. Comecei a praticar tal modalidade esportiva somente em 2009, já com 44 anos de idade, bem velhinho né. Foi um processo de aprendizado difícil e que requereu muito esforço da minha parte.
Entretanto, tive grandes amigos que me ensinaram à beça, como exemplo, devo citar o Marcão e o José Alexandre. Depois de diversas derrotas, as temporadas de 2014 e 2015 me marcaram muito. Fui o quarto lugar geral em ambas, na modalidade Sênior, sendo que em 2015 só não fiquei melhor ranqueado, pois, fui mal nas duas primeiras etapas do ano em questão.

4- Em um certo período, ficou afastado do futebol de mesa. Esse tempo sem jogar, causou algum impacto em sua vida? Como, a saudade dos amigos aqui feitos ou também por ter um costume semanal de treinar?

Parei de jogar por duas vezes (2011 e 2016). Claro que, no início, senti a falta da convivência diária com os amigos e vamos dizer também da minha “agenda esportiva”. Mas, as verdadeiras amizades foram mantidas e foi um período que foquei no meu trabalho, onde estive no comando de projetos relevantes no âmbito da minha Instituição.

5- Após ser campeão da categoria Máster, também teve uma vitória compartilhada quando seu amigo de equipe, Jaime, foi campeão de uma etapa da Máster. Sabemos que os dois treinam juntos incansavelmente. Qual a sensação em ver o título dele?

Eu acredito em Deus e sou devoto também da Santa Anastácia. Nada acontece por acaso nas nossas vidas. Esse meu título na Máster foi incrível.
Fui jogar a primeira etapa do Estadual de 2019, totalmente desmotivado. Estava quase três meses sem treinar, em virtude de mudanças ocorridas no meu trabalho, que me faziam trabalhar 10/12 por dia. No citado dia, encontrei o Carlos “Monstro” André, que pediu para jogar umas partidinhas comigo. Caramba! Foram 5 partidas. Só tomei goleadas, creio que o menor placar foi 0x3. Estava jogando com um time do Botafogo cavado.
Após, esse famigerado vexame, o Monstro disse para mim: “Sarti Neto, você está com a mão muito pesada e esse seu time é muito leve. Quer jogar com o meu?”. Eu olhei para ele e disse: “você tem razão”. Eu tinha um time do Fluminense de 1,0 de altura que tinha acabado de deixar com o Eduardo Almeida para ele polir. Fui no Dudu e “resgatei” o mesmo. Foi o melhor conselho que poderia ter recebido.
Os meus chutes começaram a entrar só no ângulo e acabei campeão da etapa numa final eletrizante com o baita jogador Jorge Luiz. Isso foi fundamental na minha campanha. Me motivou demais para o resto da temporada.
O meu título eu divido com o Monstro e também com outro atleta, que é o próprio Jaime “Danado”, mencionado por você nesta pergunta.
As pessoas falam, poxa o Jaime melhorou muito treinando com o Sarti Neto. Foi campeão da etapa deste ano da Máster. Verdade.
Mas, o que muitos não sabem é que o “Danado” também teve grande importância no meu título. Sempre me incentivou, sempre disposto a treinar comigo, até mesmo saídas do meio campo, pênaltis, chutes de longe (meu ponto forte) etc. E na última etapa do ano passado, quando joguei adoentado, ele estava lá torcendo por mim. Assim, quando ele foi campeão, sinceramente, fiquei feliz como se tivesse sido eu.
A vida é uma via de mão dupla, meus amigos. Ele, com certeza, brilhará na Máster.

6- Sua volta ao futebol de mesa foi em Duque de Caxias, no bem conhecido Clube dos 500. O que motivou à voltar e quem teve uma parcela de “culpa” nessa sua volta?

Em dezembro de 2016, recebi um convite do Eduardo Almeida para jogar um torneio de encerramento de uma Liga denominada LAFUME. Tinha parado de jogar no início do referido ano. Como o Eduardo insistiu muito, resolvi aceitar e lá fomos nós. Foi um sábado muito legal. Os lafuminianos são nota 10 e confesso que fiquei empolgado em retornar ao certame. Após isso, recebi alguns convites, no entanto, preferi jogar no Clube dos 500, onde fui muito feliz nas temporadas de 2017/2018. Grande time! O “camburão” do futmesa. Latino, Gil Bangu, Wanderson, Marcão, Rafa 77, Luciano, eu, Washington, Netynho, Serginho, Ademir, Fábio, Eduardo, Caetano e um jovem de muito talento, chamado Léo Arcanjo (rsrs).
Durante o meu afastamento voluntário, não posso deixar de citar que vários amigos continuaram a manter contato comigo, entre os quais, a título de exemplo, cito o Washington, o Eduardo Almeida, Latino, Ângelo Maia, Moisés Morales, Kojala e Lanús. Enfim, creio que todos os acima descritos tiveram participação no meu retorno, juntamente com o meu desejo de voltar a disputar os campeonatos da Federação.

7- Existe algum objetivo que pretende alcançar no futebol de mesa?

Na minha concepção de vida, temos que pensar sempre em frente. Desafios devem nos mover. Graças ao Serginho (craque da retrô) e meu colega de clube e ao Marcelo Leão (NLB), comecei a jogar com botões de diâmetros reduzidos. Sinceramente, estou adorando. Quero ser um atleta razoável nesse jogo. Como sempre, estou treinando para isso. Aliás, já recomendei a diversos amigos da 9×3, que experimentem tal modalidade. As Ligas são muito organizadas e há verdadeiros craques atuando nas mesmas (LIB – a Liga mais simpática do RJ, Copa Retrô do Baruque – grande incentivador do futmesa, Calabouço Acadêmica, do meu grande amigo Márcio Maia, são as frequentadas por mim, fora outras existentes).

8- Quais cuidados toma com sua saúde para manter o número de treinos semanais e também para aguentar a adrenalina dos torneios maiores?

Com a pandemia, como não poderia deixar de ser, reduzi muito os meus treinamentos externos. Todavia, mesmo assim, sempre que possível, frequento o Baruque, o Calabouço da Acadêmica, a LIB e a Gávea. Munido de muito álcool gel e de máscara. Paralelamente, tenho treinado no meu mini CT. Em relação aos torneios maiores, quando voltarem, se Deus quiser, num futuro não muito distante, aconselho dormir cedo na véspera dos mesmos, alimentação leve e muita hidratação.

9- Por fim, eu gostaria de agradecer a entrevista e encerrar perguntando sobre os atletas que são um pouco “carrascos”, ou melhor dizendo, que fazem um jogo mais duro e costuma dar trabalho para vencê-los?

Tenho vários “carrascos”. O Rio de Janeiro é um Estado referência no futmesa dadinho. Há craques em demasia. Vou mencionar por categorias.
Na Máster, os adversários mais difíceis são o João Carlos, o Washington, o Eduardo, o Jorge Luiz, o Alexandre Abreu e o Danado.
Na Sênior, o Paulo Renato (craque), o Ronald (mito e mister), o Régis (super), o Latino (lado mau da Força), o André Santos (multicampeāo), o Ric Mendonça, o Lian Carlos (campeão mundial), o Wagner Esmério e o Gilberto “melhor amigo de todos” Almeida (estrategista ao extremo).
Na Adulto, bem, todos (rsrs).
Por fim, agradeço pela oportunidade dessa entrevista e reafirmo que você, Léo Arcanjo, ao lado do Tuca Alf e do Marcius Tubarão Paulo são as minhas promessas para 2021. Foco e determinação. Saúde e paz para todos.

Agora chegou a sua vez. Faça 3 perguntas que eu irei responder. Foi um prazer entrevistar o senhor, rs.

1- Léo, você é um jogador que chega fácil na “cara” do gol. Quais seriam os seus outros pontos fortes?

É sempre difícil falar do próprio jogo, mas eu tenho treinado bastante dar passar longos. Acredito que é um bom recurso e estou aprimorando isso.

2- Agora, quais seriam os seus pontos fracos?

Meu ponto fraco, sem dúvidas, sou eu mesmo. Quando estou treinando e tranquilo, jogo bem mas a ansiedade em alguns jogos prejudica bastante, mas é algo que já tenho melhorado muito, inclusive o FIFA me ajudou nisso, rs. Em entender que não basta ter pressa enquanto o adversário tem sua vez, ainda mais armando a defesa na intenção de sair também.

3- Perspectivas para 2021 no futmesa, muitas?

Sim, com toda certeza. Em 2019 foi o primeiro ano consegui disputar todas etapas sem o ENEM ter choque de datas e consegui uma colocação no ranking que eu nem esperava, portanto, nesse ano criei muitas expectativas e como não teve nada por conta do COVID, ano que vem as perspectivas e metas serão ainda maiores.

Texto: Leonardo Arcanjo