BAZAR MIMO – TEMPLO DO FUTEBOL DE MESA EM PORTO ALEGRE
Em um jogo duro pelo campeonato espanhol, caracterizado pela marcação forte, o Getafe derrotou o Deportivo La Coruña por 1 a 0 no final da tarde desta quinta-feira. A disputa não lucrou com bilheteria nem ocorreu em um luxuoso estádio europeu — mas rendeu momentos emocionantes para aficionados por futebol de mesa no segundo andar do Bazar Mimo na Rua Coronel Fernando Machado número 572, no Centro Histórico de Porto Alegre.
O assistente administrativo Leandro Ferreira, 27 anos, e o consultor de TI Ricardo Rodrigues Bernardes, 40 anos, estavam por trás dos botões que representam os craques espanhóis, mostrando que o futebol de mesa continua “vivinho da silva” na Capital.
— Botão é uma paixão herdada. No meu caso, dos irmãos. Mas tem gente que estranha quando a gente conta que joga: tive que explicar como funciona para a minha namorada quando a gente estava se conhecendo — conta Leandro.
A partida que os dois disputaram na quinta valia pelas quartas de final da Copa del Rey, competição organizada por frequentadores do Bazar do Mimo. A loja especializada em futebol de mesa foi fundada pelo italiano Domenico Romano em setembro de 1980. Mimo, como era conhecido, morreu em agosto de 2014, mas os três filhos seguiram fazendo do botão o negócio da família. Além de vender conjuntos inteiros, acessórios, relíquias para colecionadores e botões dos mais diversos times brasileiros e seleções, eles disponibilizam um espaço com duas mesas para os jogadores da velha guarda, cobrando uma mensalidade simbólica de R$ 10,00 por pessoa.
Herdeiro do negócio e do nome do pai, Domenico Marrone Romano, o “Kiko”, conta que a clientela é composta por adultos, incluindo gente que já passou dos 80. O videogame, conta ele, tem sido uma concorrência praticamente imbatível com o público infantil.
— Às vezes criançada da escola daqui do lado entra e pergunta o que é isso — Kiko lamenta, sem deixar de achar graça.
Supervisor operacional de uma empresa de segurança, Zilmar Pujol começou a jogar aos 12 anos, em 1978. Comprava um botão por mês com a mesada que ganhava do pai.
— É uma coisa que trago da infância, quando também andava de carrinho de lomba e soltava pipa. A gente não vê mais isso — observa.
Colorado fanático, ele nunca deixou de ver graça em ser o treinador de seu time dos sonhos, reunindo Falcão, Carpegiani, Fernandão e Claudiomiro. Ainda comanda um Barcelona estrelado por Messi, Neymar e Suárez — cada botão tem o nome dos craques gravado abaixo do brasão do time.
Pujol não chega a gastar os milhões em euros que os craques custam ao time espanhol, mas sua brincadeira também pode sair caro: as peças em galalite (matéria plástica natural obtida de substancias orgânicas) chegam a valer R$ 100 a unidade.
E será que a rivalidade de um clássico na mesa é tão grande quanto no campo?
— Com certeza. Mas o bacana é que a rivalidade fica na mesa: o que impera mesmo é a amizade e o coleguismo — garante Ricardo Bernardes.
(Re)aprenda a jogar:
– Cada equipe é integrada por 10 botões e um goleiro.
– Segundo a regra gaúcha, os técnicos intervalam os toques. É uma vez para cada um (salvo quando existirem infrações ou ocorrências).
– O jogo dura 30 minutos, 15 de cada lado da mesa. Em decisões, vale disputa de pênaltis em caso de empate.
– O chute a gol acontece no campo do adversário — e só depois de avisar o concorrente para que posicione seu goleiro.
– Quem errar a bola e acertar um botão do adversário comete falta: o adversário ganha um chute a gol.
– Treine chute a gol e crie estratégias para a defesa: vale posicionar o botão para dar cobertura, ou seja, bloquear um bom “chute” do adversário.
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