QUARTARONE: “MINHA HISTÓRIA ATÉ AQUI PERMANCERÁ VIVA”.

Michael Jordan, no basquete. Tiger Woods, no golfe. Ayrton Senna, na Fórmula 1. Novak Djokovic, no tênis. Pelé, no futebol… São poucos os gênios do esporte, que fazem a diferença e se destacam não apenas por suas qualidades e aptidões esportivas, mas pela forma como se comportam e superam os desafios da vida. Guardadas as devidas proporções, Paulinho Quartarone se encaixa neste perfil quando falamos em futebol de mesa. Dono de um talento único, o botonista do Fluminense, que acaba de conquistar seu sétimo título estadual, ainda degusta o último feito. Mas não se acomoda. Competidor nato, o Rei do Rio avisa que ainda tem lenha para queimar, embora admita que o tempo, inexorável, irá passar para ele também — sabe-se lá quando. Não importa! Feliz com a bela trajetória que construiu no esporte, Quartarone, de bem com a vida, planeja seguir com suas palhetadas precisas e os belos gols, para alegria dele e de quem aprecia um futebol de mesa praticado com arte, refino, talento e vocação.

O que representa, para você, ser campeão estadual adulto depois de dois vice-campeonatos seguidos?
Meu último título carioca foi em 2018 (na extinta categoria Sênior) e já estava caducando (risos). É sempre importante você conseguir se manter evoluindo mesmo com a idade avançando e a turma jogando cada vez melhor. Ninguém pode dizer que sou um ex-jogador em atividade. Ainda (risos)

Foi seu primeiro título na categoria adulto, mas você é multicampeão, o Rei do Rio. Em qual categoria foram as outras conquistas?
Na Sênior. É que, até o fim de 2021, havia as categorias adulto e sênior. Mas decidiram juntá-las depois disso e ficou apenas a adulto, que está no seu segundo ano. Eu tenho seis títulos da sênior e agora um título da categoria adulto, unificada, totalizando sete conquistas de Estadual.

Na prática, o que mudou com tal unificação?
Existia certa dúvida quando a gente era campeão da sênior e se falava que a adulto era muito mais difícil. Mas a gente sabia que não, né? A gente sabia que a sênior era tão forte quanto a adulto. Então, o fato de você, em dois anos consecutivos, ter um equilíbrio de força nas finais, mostra que de fato a sênior já era muito forte. Sou o único botonista que participou das duas finais da categoria unificada. Ano passado, fomos eu, Aires, Juninho (campeão) e Adriano. Este ano fomos eu, Victor Praça, Bandini e Ronald Nery. Só eu disputei as duas finais desta categoria.

Como se sente sendo o maior vencedor do botonismo carioca?
Eu fico muito orgulhoso disso. Mesmo sendo um sênior, consegui me destacar no meio da rapaziada mais jovem. É um orgulho muito grande.

Como você avalia a conquista de 2023?
Minha preparação precisou ser muito mais mental do que técnica. Não me cobrei, joguei leve e deu certo. Em uma final, quando se tem quatro competidores em equilíbrio técnico, o “mental” é que determinará o vitorioso, com uma boa dose de sorte também.

O que achou do nível da competição?
Absurdamente alto. O Rodrigo (Bandini) escreveu em uma publicação dele, nas redes sociais, que se trata da competição mais difícil que existe. E ele está certo.

Foram 74 jogos até o troféu. Qual o mais difícil?
O mais difícil é sempre o da vez. Levo todos os jogos a sério, com muito respeito aos adversários. Meu momento mais difícil foi quando fui eliminado logo no primeiro “mata” da terceira etapa do Estadual (Copa Suda). Ali me descolei dos primeiros no ranking. Sabia que teria que fazer um segundo turno perfeito. Felizmente consegui e fui às finais.

O que podemos esperar para 2024?
Espero conseguir me reinventar novamente. Sei que vai chegar o dia em que não conseguirei. Disputei dez estaduais consecutivos, sempre brigando pelo título. É uma façanha que quero seguir mantendo, mas sei que será mais difícil dessa vez. É tentar tirar o peso, a responsabilidade. Se tudo der errado daqui para a frente, tudo bem. Minha história até aqui permanecerá viva

Entrevista concedida a Alysson Cardinali | Diretor de Comunicação Dadinho | FEFUMERJ