O FUTEBOL DE BOTÃO SOLITÁRIO LEVADO AO SEU NÍVEL MAIS ALTO

Imagem: Acervo pessoal

Cada um com sua mania. Possivelmente, nenhum chega aos pés de Jorge Rodrigues Gomes Neto, Jorginho, “O Lendário”, como se autointitula, levou ao extremo a paixão por futebol de botão. Ele joga, sozinho, uma série de torneios que reúnem cerca de 800 times e seleções, nenhum repetido. É isso mesmo, Jorginho faz uma jogada com um time, depois passa para o outro lado da mesa para contra-atacar com o adversário.

Este carioca de 41 anos, no entanto, segue uma organização ímpar. Todos os resultados dos campeonatos são anotados em papéis, desde a primeira disputa em 1988, quando tinha 9 anos e ganhou o primeiro time da mãe. Foi naquele ano que Jorginho se fissurou em futebol de botão. Até 1994, seus torneios foram realizados dentro de um mesmo ano. A partir daí o negócio tomou proporção enorme, então a temporada de 1995 só acabou em 2004. A temporada de 2005, que ocupa um segundo caderno cheinho de jogos, foi finalizada recentemente, depois de 16 anos de competições.

Cada partida tem a duração de 5 minutos em tempo único. Quem joga à esquerda é o mandante e sempre dá a saída. Em caso de algum empate que necessite de um desempate, o sistema escolhido é a morte súbita, jogada sem tempo limite. Devido ao trabalho ele não tem nenhuma regularidade para jogar e, por isso, as temporadas são extremamente demoradas.

Esse é um mundo à parte para Jorginho. E o futebol é comandado pela Confederação Jorjônica de Futebol (CJF). O “presidente” garante, não há favorecimentos a nenhum time. “Tanto que, nesses mais de 30 anos, o meu Fluminense nunca foi campeão de nada. Só no ‘meu mundo’ é possível que um pequeno clube da Oceania vença uma grande representação europeia”, sinaliza.

Além de jogar futebol de botão contra si mesmo, numa sequência de milhares de partidas entre times e seleções ao longo de anos, Jorginho ainda faz a narração e os comentários. “Pronuncio corretamente os nomes das equipes em suas línguas locais”, detalha. Como mora numa vila no bairro de Campinho, no Rio de Janeiro, volta e meia ele ouve dos vizinhos: “Jorginho, quanto tá o jogo?” A galera não perdoa!

Imagem: Acervo pessoal

“O Lendário” também possui uma imensa coleção de camisas de times e seleções de futebol que não estão necessariamente relacionados com os botões pois há camisas cujo time de botão el não possui e vice-versa.  Todo dia ele vai ao trabalho, na Casa da Moeda do Brasil, onde é técnico administrativo desde 2011, vestindo uma diferente. Assim, ele demora três anos para repetir a roupa.

Reprodução parcial: Verminosos por Futebol
Rafael Luis Azevedo