GHILBURTI (ღილბურთი) – O FUTEBOL DE BOTÃO NA GEÓRGIA

A República da Geórgia é um pequeno país localizado no Caúcaso, que é uma região que marca uma das fronteiras entre a Europa e a Ásia. O país fez parte da União Soviética até 1991, quando restaurou sua independência. No Brasil não se conhece muito sobre esse país a parte de algumas figuras muito famosas do século XX como Joseph Stalin (líder da URSS), Eduard Shevardnadze (ministro das relações exteriores da URSS), George Balanchine (coreógrafo) e o jogador de futebol Kakha Kaladze, que conquistou duas vezes a Champions League jogando com Dida, Cafú, Serginho e Kaká.

Imagem: Pinterest

Entretanto, temos alguns pontos em comum com os georgianos como a devoção que católicos e umbandistas têm por São Jorge. O nome do país é uma referência ao santo e o elemento central de la bandeira a Cruz de São Jorge, que é considerado padroeiro de Geórgia. Como nós, os georgianos amam o futebol. Não o conhecemos muito sobre o futebol georgiano mas seus jogadores, com russo e ucranianos, formavam a base da equipe da URSS. O Dínamo Tbilisi, na década de 70 e no início da década de 80, foi uma equipe importante no cenário europeu, tendo vencido a Recopa de la UEFA em 1981. A equipe foi também foi semifinalista da mesma competição na seguinte temporada. Se eles amam o futebol, como era de se esperar, também levaram o jogo para fora dos gramados. Lá eles também praticam o futebol de botão. Segue o texto de Andro Atoev, um georgiano apaixonado pelo nosso esporte:

Na Geórgia, a tradição do esporte teve origem na década de 1960 e é praticada por gerações sucessivas de jogadores. Era um jogo amplamente conhecido na época, apreciado por crianças em quintais e casas em diferentes bairros da capital, Tbilisi.

Hoje em dia, o futebol de botões é apreciado por uma pequena comunidade de jogadores de forma irregular. A jogabilidade em si evoluiu e pode-se dizer que passou por uma evolução tanto no profissionalismo, na qualidade dos botões e estádios quanto nas nuances táticas e regras.

Os botões que usamos podem ser de diferentes materiais plásticos – galalite, acrílico, poliéster. Preferimos botões de roupas velhas dos anos 50-60, mas botões modernos também podem ser usados.

Como goleiro usamos um telefone antigo. Telefones soviéticos normalmente. Eles são como um padrão e temos mais do que o suficiente deles. Nos anos 60-70 o maior botão era o que atuava como goleiro. Agora é muito difícil um goleiro marcar um gol, normalmente de escanteio, como no futebol real. A regra atual é que se a bola cair dentro do goleiro, contamos isso como fim do ataque e um tiro de meta é concedido. Fim do ataque significa que você pode deslocar todos os botões para suas posições originais no campo (com as mãos).

Usamos um botão de roupa menor como bola. A bola também é processada com lima e lixa para ter um formato de disco; não redondo. Muito parecido com um botão de jogador. Como a bola também é feita à mão, é importante que o produto final exclua o elemento de aleatoriedade e dê aos jogadores a chance de executar passes de longa distância, bem como um chutes de longa distância. Uma boa bola não vai rolar e não deve deixar o jogador em uma situação ruim durante o jogo.

As partidas, em si, consistem em duas metades de 15 minutos cada. Em caso de empate em tempo integral, é jogado uma prorrogação de 3 minutos por tempo.

A dinâmica do jogo é baseada em turnos. Os jogadores têm direito a um toque durante a sua vez. Você só pode chutar ao gol quando a bola está na metade do campo pertencente ao oponente, portanto a estratégia do jogo é forçar o adversário a cometer um erro. Você também pode ganhar o direito de ter 2 toques, se o oponente cometer uma falta, conceder um escanteio ou uma lateral em situações específicas.

Esse vídeo só pode ser visualizado diretamente em Youtube.


Alguns de nós aprenderam sobre os jogos de botão ao redor do mundo e tiveram a chance de Barcelona ou Belgrado. No Brasil a versão mais próxima deve ser a 1 Toque Disco.

Andro Atoev em torneio Internacional na Polônia (2015). Imagem Site FEFUMERJ

Esses são links para nossos canais nas redes sociais. A foto em preto e branco é de 1994. Nessa época eu tinha 7 anos.

www.facebook.com/GeorgianButtonballFederation
twitter.com/buttonballg

Texto: Andro Atoev androatoev@gmail.com
Introdução: José Carlos Cavalheiro