VAMOS APRENDER A JOGAR FUTEBOL DE BOTÃO?
Por Marcelo Matos “Aranha”
Imagina ser um técnico de futebol: Celso Roth, Parreira, Luxemburgo; ou Cilinho, Cláudio Coutinho e mestre Telê Santana. Imagina ser jogador de futebol: Zico, Dicá, Pelé, Maradona, Platini, Neymar e até Messi ou Cristiano Ronaldo. Tudo isso é possível no futebol de botão. Ganhando patamar de esporte em 1988, pelo Conselho Nacional de Desportos do Governo Federal (CND), o Futebol de Mesa, popularmente conhecido como jogo de botão, é um esporte criado no Brasil.
Na década de 30, com o futebol já popular nos campinhos de terra, as crianças literalmente roubavam botões dos casacos dos pais e avós para montar seus times. Caixas de fósforos eram goleiros e bolinhas eram confeccionadas de rolos de lá. As traves dos gols eram feitos com palitos de sorvete e a diversão durava o dia todo. Nos tempos atuais as regras se regulamentaram e os botões ganharam formas de verdadeiras obras de arte, geralmente feitas em acrílico.
Não existe diversão maior que montar um campeonato com os amigos e até viajar para disputar competições com seus botões. Demorei trinta anos para ser campeão mundial, representando o Brasil, na Hungria em 2015. A nossa seleção contava com verdadeiros craques, chamados no esporte de botonistas, e foi lá que dei meu primeiro autógrafo para uma criança na escola em que o mundial estava sendo disputado. A sensação foi única. Então, o que estamos esperando? Vamos aprender a jogar?
Primeiro é importante sabermos que existem várias regras oficiais no Brasil. Vou me focar na regra dos 3 Toques pelo fato de ser a que mais se assemelha ao nosso futebol. Outras são bem interessantes mas, basicamente, se fundam no acertar a bola por um certo número de lances até chegar no ataque para o chute a gol. Na regra 3 toques o processo pode ser mais interessante que o próprio produto, ou seja, o prazer da construção da jogada é que vale para ter um chute de melhor qualidade. Tem que ser merecedor.
Como nos nomes citados acima necessita escolher que estilo é o seu, como no futebol. Mais ofensivo ou defensivo? Arriscar mais ou anular o adversário? Feita a escolha pela defesa, por exemplo, o seu time terá que ter mais botões que dominem melhor a bola. Nesta regra você tem dois toques e ganha o terceiro se fizer um passe que é fazer a bola relar em outro botão seu. Geralmente esse terceiro toque é uma proteção para que o adversário não veja a bola. Portanto, o botonista defensivo vai tentar sempre dar três toques para que seu adversário dê um toque apenas. O tempo passa e a bola fica sempre no meu poder. Depois de dois tempos jogados de 20 minutos cada, esse defensor jogará pela bola do jogo, já que seu avanço será gradual, sem pressa e bem calculista.
Chegando ao ataque vem nosso objetivo final. Último minuto de jogo e armo uma jogada mirada para o gol. O chute só poderá acontecer no primeiro toque ou após um passe. Peço para o gol e meu adversário olha para o relógio sem poder agir a não ser colocar o goleiro da melhor forma possível. A sineta toca e o juiz autoriza o último lance da partida. É a bola do jogo. A vitória está em minhas mãos. Pego a palheta, miro no canto e chuto. Bola para fora!!! Mesmo assim um sorriso aparece em minha cara, afinal, 0x0 vale um ponto na tabela. Fim de papo.
Reprodução: www.usp.com.br
Nota: O texto reflete a opinião pessoal do autor não representando o pensamento da Federação de Futebol de Mesa do Estado do Rio de Janeiro (FEFUMERJ).