APAIXONADOS PELO FUTEBOL DE MESA MANTÊM A TRADIÇÃO EM FLORIANÓPOLIS
O passatempo e o entretenimento são duas réguas da força do tempo. O Futebol de Mesa, que embalou e fez vibrar gerações, é um exemplo. Divertimento “obrigatório” no século passado, atualmente definha preterido pelos eletrônicos. Saudosistas, interessados e os ainda apaixonados terão uma oportunidade, nesse fim de semana, de (re)viver uma peculiar paixão. O Continente Shopping promove um campeonato da modalidade e uma oficina aberta ao público do famigerado de ‘futebol de botão’.
“Vai a gol!” Não se trata apenas de um famoso aviso antes de arrematar na direção do adversário, esse alerta faz parte da regra e consta junto a Confederação Brasileira de Futebol de Mesa. Ao longo do sábado, botonistas do Sul do Brasil se encontrarão para respirar o passado e entreter uma paixão que atravessou gerações. Das 14h em diante, competidores de Itajaí e Florianópolis representando Santa Catarina; de Porto Alegre (RS) e Curitiba (PR), duelarão por troféus e medalhas.
Entre os representantes florianopolitanos, integrantes do Continente Futebol de Mesa (CFM), uma associação localizada no bairro do Estreito, em Florianópolis, que reúne uma turma de amantes da modalidade que, entre outras coisas, veem no jogo uma distração mental. “Dificilmente tu vais encontrar alguém que não gosta de futebol, jogando esse joguinho”, descreveu Marco Antônio Lomba, 59 anos, um dos fundadores do clube e apenas mais um apaixonado pelo esporte e torcedor do Botafogo (RJ) “até os ossos”.
“Muito mais que ganhar no jogo de botão, eu sinto prazer em jogar o jogo de botão. Eu faço isso desde os meus quatro anos de idade, ensinado pelo meu pai [pausa para respirar e enxugar as lágrimas]. Esse jogo me remete a minha família, todos jogavam. E eu fico muito orgulhoso de ter passado essa paixão para o meu filho que tem 25 anos e também adora esse jogo”, acrescentou o Marcão.
Outro botonista é o George Aguiar, 52 anos, bancário. Assim como o botafoguense, é um dos líderes do grupo e explica o poder que o desporto pode proporcionar. “Ainda é muito daquilo de quem praticou na infância. Um público muito mais jovem tem dificuldade em ser tocado pelo jogo. É mais comum ver uma faixa etária mais alta”, justificou.
Projeto levado às escolas
Há cerca de três anos o grupo, composto atualmente por 13 pessoas, deu pontapé a um projeto de reunir amantes da modalidade e estancar a supremacia do videogame junto aos mais novos.
A iniciativa já começou a frutificar. O CFM foi criado para projetar também todo esse envolvimento pra fora da sala de fundos na região do Estreito. Recentemente as mesas foram levadas para Praça Nossa Senhora de Fátima, localizada na região, para que a modalidade começasse uma difusão.
“Nós não queremos ir para fora, para trazer gente aqui para dentro. Queremos mostrar que essa paixão, por mais que seja de maneira tímida, segue muito viva e é um direito de todos senti-la”, argumentou George.Ao longo do domingo, em aproveitamento à estrutura montada para o certame do dia anterior, o clube vai ministrar uma oficina, das 14h às 21h, aberta ao público no shopping de São José.
Em agosto o grupo foi contatado por uma escola, onde, com auxílio de um grupo de pais, pôde levar as mesas e mostrar um pouco do jogo que moveu – e eles querem mostrar que – ainda mexe com muito sentimento
“As pessoas, quando falamos no futebol de botão, na maioria afirmam que ‘muito jogaram na infância’. Não quer dizer que é para ficar na tua memória. Pode ser uma realidade de novo e nós estamos aqui para isso”, acrescentou.
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Fotos: Marco Santiago/ND